Juba & Lula. Quem foi dos anos 80 se arrepia ao ouvir esses nomes. Já vem a música incidental do "Armação Ilimitada" na cabeça do indivíduo. Virando e mexendo na tela, de forma não muito frequente, mas sempre às sextas-feiras depois da novela, o show desses dois é lembrado até hoje pelos fãs. Tanto que em 2005, pouco antes de fazer 20 anos, o seriado ganhou reprise duas vezes por semana no Multishow, quatro contando com os horários alternativos. Mas se você já ficou extasiado, achando que vou fazer aqui um panorama de Armação, sinto dizer que está enganado. Exceto nesta frase que segue, não será citado nenhuma Zelda Scott, nenhum Bacana, nenhuma Ronalda Cristina, nenhum Chefe, e muito menos uma DJ Black Boy. Mas, pra introduzir o programa Juba & Lula, é mais que necessário saber um pouco sobre a história de Armação. Vamos que vamos.
UM TRIÂNGULO DE BERMUDAS
No longínquo 1985, a abertura política estava praticamente consolidada. A censura já não tinha mais tanto poder sobre a TV, e a ordem era inovar, em tudo. E aí, partindo da vontade de querer surfar e se aventurar por qualquer lugar que fosse, Kadu Moliterno e André D' Biase apresentaram a ideia de um seriado radical para o diretor Daniel Filho. A ideia surgiu como? Depois de uma sessão de surf dos dois. As reuniões para decisão de outros fatores que influenciaram no programa foi algo totalmente pertinente ao que se veria posteriormente na tela: grupos jovens ao lado da dupla protagonista à postos para expor suas ideias. O nome foi decidido no banheiro. Ou melhor, quando Daniel Filho voltou do banheiro. Segundo D' Biase, foi dali que, literalmente, a ideia do título saiu: 'Já tenho o nome. Isso é
uma armação ilimitada, vocês querem fazer esse programa só para pegar
onda'. A estreia foi no dia 17/05/1985.
A MAIOR ONDA
Esse foi o título do último episódio de "Armação Ilimitada", totalizando 40 programas, exibido em 08/12/1988. Naquele ano, o seriado enfrentou a pior crise de sua existência. A frequência quinzenal gerava problemas para as ilhas de edição, que ficavam congestionadas (eram necessárias 40 horas para a produção de um episódio), e para as gravações, que envolviam muitas cenas de perigo e cenários peculiares. Não deu outra: após 2 episódios em abril de 88 (000007 contra o Doutor Fantástico de 07/04/1988 e O Cavalo Branco de Napoleão de 21/04/1988), o seriado foi suspenso: e só voltaria em setembro. Nesse meio tempo, as reprises de praxe tamparam o sufoco do show de sexta-feira. Dentre esse período nada confortável, boatos que os atores principais estariam negociando uma ida ao SBT tomaram conta da imprensa, o que foi desmentido pelo próprio D'Biase posteriormente. As gravações retornaram para o episódio Bacana, a Alegria do Povo, exibido no dia 01/09/1988. Agora o seriado seria mensal, o que realmente aconteceu. Hoje é Dia de Rock e Totalmente Demais (06/10/1988 e 24/11/1988, respectivamente) vieram como uma temporada de consolação afim de entregar o fim do seriado, conforme já dito. Era o fim...
... OU NÃO
Quer dizer, Armação terminou mesmo. Mas a dupla do seriado continuava firme e forte. Programado para estrear no dia 20/03/1989, "Juba & Lula" retornaria com a ilustre dupla radical de Armação, agora com um enfoque maior na ecologia. A direção vinha de Roberto Talma. Os 4 blocos iniciais seriam uma gincana entre jovens, entre 11 e 17 anos. O 5º seria uma 'aventura', renovada a cada semana, com 5 capítulos cada uma. No dia 17 daquele mês, os atores receberam o primeiro texto, proveniente de Ronaldo Santos e Charles Peixoto, esse último sendo o único que ficou de Armação. Mas esse texto demorou pra ir ao ar. O seriado foi remanejado para 8 de maio, e mais tarde ficou pra 5 de junho, justamente no Dia Internacional do Meio Ambiente. Além disso, a data vinha a calhar, por cobrir um período onde muitas crianças entram em férias.
FALHOU
Após o 1º episódio, as críticas foram bizarras: pensando se tratar de um novo Armação, as pessoas sentiram falta das doses mais pervertidas da dupla, reclamando da exposição de tanta ecologia. A audiência também não foi das melhores (Disponibilizo abaixo gráficos de audiência do seriado), e isso não compensava o alto custo de produção. Estes fatores levaram Boni a decisão de retirar o programa da grade de programação. Roberto Talma lutou pela permanência do programa: quando a saída foi anunciada, em 5 de julho, já haviam mais 6 histórias prontas para ir ao ar, o correspondente a 30 capítulos. Para tentar salvar a atração, ainda que tarde, as partidas realizadas no cenário fixo do programa, seriam substituídas por partidas de esportes aleatórios em quadras poliesportivas de vários pontos do país. Mas realmente não deu certo. Era o fim, o 2º fim.
AUDIÊNCIAS
Para uma análise mais completa, deixo gráficos de audiência do programa. Os dados são provenientes das tabelas que constam no site da AEL/UNICAMP, e correspondem a região de São Paulo. Para ampliar, é só clicar na imagem.
P.S.: como não encontrei dados da 6ª e da 8ª semana nas tabelas, eles não foram inclusos.
Acervo Jornal do Brasil
Acervo Estadão
Memória GloboDicionário da TV Globo
Almanaque da TV Globo
Site Canal VIVA
AEL/UNICAMP
Fotos:
Acervo Folha de S. Paulo
Acervo Jornal do Brasil
VIVA Play
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